Alverca não parece ter sido nunca praça forte ou ponto estratégico militar de relevância. Com exceção da fratricida batalha de Alfarrobeira, não há história de campanhas sangrentas na zona. Sobre o "Castelo" pouco ou nada se sabe. Na origem terá sido um castro ou simplesmente um muro defensivo erguido pelos romanos. É possível que os mouros o tenham acastelado e que tenha servido de "casa senhorial" na Idade Média. De qualquer modo é na reconquista cristã que surge a estrutura que passou a ser conhecida por "Castelo". Em 1755, o terramoto que arrasou Lisboa, teve efeitos desastrosos sobre o "Castelo", que ruiu, e dele, hoje, só são visíveis alguns restos das muralhas.
Data de 1530. Simboliza a autoridade municipal. No pelourinho eram justiçados crimes menores, com açoitamento ou exposição à vergonha pública. O Pelourinho de Alverca, pelo seu lavrado, é um exemplar notável do estilo Manuelino. Isso não impediu que sofresse os maiores vandalismos no século XIX, acabando por ser apeado em 1891. Só em 24 de abril de 1988, quase 100 anos depois, voltou a ser colocado no seu lugar, mostrando os efeitos da sua má conservação. No seu remate octogonal, uma das faces, mostra uma cabeça em cuja boca aparece a data do monumento -1530. Ainda no alto pode ver-se o escudo real do doador, D. Manuel I, e na face oposta a esfera armilar; o castelo de Santarém, com três torres, vila onde foi feita a doação; e 4 cabeças representando as ninfas do Tejo - as Tágides - que segurando na boca um cordão, unem simbolicamente o conjunto. O fundo granitado dos símbolos, representa o Tejo, povoações ribeirinhas, Santarém e Alverca. Acoluna - fuste(1) -, de forma cilíndrica, foi torcida com nervuras inversas em relação ao nó central, e assenta sobre 4 degraus poligonais.
(1) Fuste: a parte da coluna entre a base e o capitel
Falamos de algo que já não existe, o que é pena. O Marco da Légua, situava-se no sítio da Cruz das Almas, em Alverca, e marcava a distância a Lisboa (Carriche) pela antiga "estrada-real", Lisboa - Loures - Santarém. A légua equivalia naquele tempo a 6179 metros. Hoje equivale a 5 mil metros. Em 1985, um acidente aparatoso de viação, desmantelou-o e a Junta de freguesia removeu-o. A parte superior do monumento ainda pode ser vista na zona verde do Largo do Mercado. Os marcos além da função de indicar as, distâncias, tinham uma outra função; a de indicar a hora solar. Eram relógios de sol. A esfera de pedra.. com que normalmente eram encimados, tinha gravadas as horas de I a XII. A hora solar, era indicada pela sombra de um esquadro de ferro, nela crivado.
Data de 29 de julho de 1995. No Jardim Parque de Alverca, ergue-se, a partir daquela data, um monumento à revolução de 25 de Abril de 1974. Com a conquista das liberdades democráticas e o fim da guerra colonial, ganhou expressão o poder Autárquico local. A efeméride, é comemorada todos os anos com particular entusiasmo popular. O monumento faz evocação dos elementos à Revolução dos Cravos: a pressão da cadeia, a presença militar, as pombas, os verso e as canções.
São dois. Foram mandados construir pela rainha D. Maria I em 1782. Situam-se na E.N. 10, entre Alverca e Forte da Casa (na realidade, hoje, estão no espaço desta última freguesia), junto às antigas portas de Lisboa. Os Obeliscos, um de cada lado da estrada, comemoram a construção da nova "Estrada Real" que saía da Encarnação e contêm as seguintes inscrições:
-Obelisco do lado esquerdo, na ida para Lisboa: "Matia I Máxima, Providentíssima e Pia Rainha Lusitana por Real resolução mandou que pela consignação aplicada para a reedificação das calçadas e limpeza da cidade de Lisboa, e seu termo, se fizesse esta estrada que tem de largura calçada vinte palmos, e por cada hum dos lados dez serem empedrados, e guarnecidos hum e outro lado de oliveiras".
-Obelisco, do lado direito, para fora de Lisboa: "Princípio e termo de Lisboa. Aquela real resolução da mesma Senhora abrange a todas estradas e caminhos de termo da cidade de Lisboa em que estão plantadas oliveiras. O que tudo foi encarregado pela mesma Senhora ao dez.01 do Paço do Intendente Geral da Política da Corte e Reino Diogo Inácio Pina Manique. Em MDCCLXXXII tanto para comodidade dos variantes como também para o fruto das ditas oliveiras serviu para a Real Casa Pia e iluminação da cidade de Lisboa".
Pouco ou nada se sabe sobre a sua origem. O que se sabe é que o edifício ficou arruinado com o Terramoto de 1755. Contudo, ainda hoje, é possível apreciar o brasão da Rainha D. Mariana Victória de Bourbon, mulher do rei D. José, no centro da parede lateral do edifício. Imediatamente por baixo dele, uma lápide, datada de 1764, comemora a reedificação dos Paços do Concelho, mandada fazer por Paulo de Carvalho de Mendonça, do Concelho dos reis D. João V e D.José. Em baixo, está uma estela romana ou lápide funerária em mármore branco rosa. Há dúvidas quanto à sua origem: para uns, foi encontrada nos arredores de Alverca; para outros, ela é proveniente da "cerca moura" de Lisboa, após o Terramoto e foi trazida para Alverca. A estela tem inscritos caracteres latinos do século I que, traduzidos, dizem: "Marco Licínio Quadrato, filho de Marco, da tribo Galéria, está aqui sepultado". Após a extinção do Concelho de Alverca em 1855, no primeiro andar do edifício, durante algum tempo funcionou a Escola Feminina. Em 1900, por cedência gratuita, funcionou aí, também a Estação de Correio - Telégrafo-Postal que, pouco depois, saiu para outras instalações. No rés do chão funcionou, até 1960, a cadeia. Em 1963, o edifício, na sua totalidade, foi ocupado pelo Posto da GNR, até 1975. De 1976 a 1988, no primeiro andar, funcionou a sede da Junta da Freguesia de Alverca, antes de se fixar na Rua Dr. Miguel Bombarda, sua sede atual. Em 1978, no rés do chão do antigo edifício foi criada a Biblioteca Bento de Jesus Caraça - Biblioteca Pública de Alverca - que ali funcionou até 1992, tendo sido substituída pela Biblioteca Municipal em edifício próprio. No primeiro andar funciona o Núcleo Museológico de Alverca, criado em 17 de maio de 1990, hoje, temporariamente encerrado para obras de recuperação e ampliação.
É uma igreja de invocação a S. Pedro. Localizada junto ao Castelo, desconhece-se a data da sua fundação. O que se pode dizer é que é muito antiga e que foi reedificada várias vezes. Uma coisa é certa, já existia em 1449, quando da batalha de Alfarrobeira. O corpo de D. Pedro, Duque de Coimbra, ficou lá sepultado temporariamente. O grande terramoto de 1755 afetou profundamente a Igreja Matriz. O telhado abateu, a torre sineira caiu, bem como grande parte das paredes laterais. Ficaram de pé, a fachada, a sacristia e o baptistério, onde se continuaram a fazer batismos. As Imagens dos Santos, o Santíssimo Sacramento e outros valores foram transferidos, provisoriamente, para a Igreja da Misericórdia, até à reconstrução da Igreja Matriz.. A maioria das peças, no seu interior, provem do século XVIII, assim como as colunas que formam a nave, o retábulo da capela-mor, o estuque do teto e as pinturas. Dos séculos XVI e XVII poucas peças sobraram. Dos azulejos do século XVII é notável o painel que representa a libertação de S. Pedro pelo Anjo.
Situa-se no lugar de Arcena. Foi construída nos fins do século XVI, para nela ser venerada a "Santa Imagem de S. Clemente", encontrada por populares, no sítio de Mato Sapinho. A capela, além da imagem de S. Clemente, tem no seu interior, bonitos azulejos dos séculos XVII ou XVIII na capela-mor, uma pia de água benta do século XVI, assim como várias lápides funerárias. S. Clemente, "Santo Milagreiro" - dizem os crentes - nos anos de seca, perante as preces dos agricultores, faz mesmo chover.
Pensa-se que foi construída em 1661, data marcada na cruz do Cemitério de S. Sebastião (Cemitério Velho), onde se situa. Degradada pelo tempo, os seus valores, como imagens, painéis e outros, foram transferidos para a Igreja Matriz. Hoje, na parte recuperada do velho edifício, funciona desde 1980 a "Casa Mortuária".
Erguido timidamente no final do Século XVII, ampliado e renovado no século XVIII, o Paço do Sobralinho teve diversos proprietários, entre os quais os Manuéis, Condes de Vila Flor desde 1661, D. Sancho Manuel, D. Crestóvão, D. Martim, D. Luiz, D. Joaquim, D. António, até ao 7º e último conde, 1º marquês de Vila Flôr e 1º Duque da Terceira, D. António José de sousa Manuel e Mendes Severim de Noronha, o marechal e estadista da causa liberal, que recebeu 100 contos de reis de D. Pedro IV para a sua reconstrução.
Durante as caçadas à Lezíria, D. Pedro V e sua esposa D. Estefânia pernoitavam no Paço.
Depois do Conde de Sagres ter habitado o Palácio, o novo proprietário Dr. Armindo Monteiro, durante a II Guerra Mundial trouxe de lá peças de arte importantíssimas, adquiridas especialmente em leilões. Seguiram-se os donos Camilo Infante de La Cerda, a família do Dr. Ricardo Espírito Santo, D. Rita Espírito Santo, em 1989, uma firma com sede em Hong Kong, antepenúltimo proprietário do Paço, que devido à Guerra do Golfo, deixou de cumprir as sua obrigações com o BPA. Através da Compave, Sociedade Imobiliária do Grupo do Banco Português do Atlântico, e em hasta pública, foi adquirido pela Câmara Municipal de Vila franca de Xira, em outubro de 1993, por 350 mil contos.
Palco de reuniões e visitas da nobreza (D. Pedro V, D. Maria II e seu marido D. Fernando, Marquesa de Rio Maior, Duque de Palmela, Marquês de Fronteira e de Alorna) e de chefes de governo posteriores à Monarquia e ao "28 de Maio". Dr. António de Oliveira Salazar, sempre que havia crises, ali se refugiava.
Na noite de 9 de fevereiro de 1944, o Palácio e as suas preciosidades (arte e livraria), transformaram-se num monte de ruínas. Habitantes vivos, lembram-se dos tempos em que D. Laura Cancela de Abreu ia à missa na Capela do Paço, assim como da sua filha herdeira D. Lúcia Cancela de Abreu, casada com o Dr. Armindo Monteiro que foi Ministro das Colónias e depois Embaixador em Londres. É neste período que começa a desgraça do Palácio. Salazar toma conhecimento de que a Embaixada Portuguesa era frequentada pelos embaixadores russos. Para acabar com tal amizade, o Chefe do Governo, avisa o Dr. Armindo Monteiro para pôr termo às visitas. Como este e a esposa continuaram a fazer "orelhas surdas", Salazar irritou-se e nunca mais voltou (antes e depois do incêndio) ao Palácio do Sobralinho.
Os quarentões, bem se lembram das ruínas daquela que foi uma das mais belas igrejas edificadas no século XVIII.
Na época do Duque de Terceira, um dos proprietários do Paço, realizavam-se na Igreja do Martir S. Sebastião, festas religiosas, acompanhadas de música sacra. As procissões iam da Igreja do palácio, repletas de povo e nobreza. Das varandas caiam colgaduras riquíssimas e todas as janelas se embelezavam de colchas, umas da índia, outras do Ribatejo. Os marqueses de Sagres e de Sergio de Sousa, eram personalidades assíduas às festas religiosas. Estes nobres, assim como os marqueses de Louriçal que tinham laços familiares com os de Terceira e os de Loulé, misturavam-se de dia com os plebeus e, à noite no Paço, divertiam-se com as festas da época, onde não faltava o bobo João Tolo.
Como se não bastasse o incêndio e o vandalismo que danificou a Igreja, em 27 de janeiro de 1951, quando da inauguração da luz elétrica no Sobralinho, pelo presidente da Câmara José de Sousa Nazaré, o Jornal "Vida Ribatejana", de 3 de fevereiro de 1951, relatava o seguinte:
"Falou, depois, a menina Maria César Rodrigues, principiando por apresentar os seus cumprimentos a S. Exa. e a toda a sua comitiva. Lastimou o facto da Igreja do Sobralinho se encontrar em vergonhoso estado de ruína, lembrando que a mesma deve ser demolida para evitar aquela permanente vergonha, e que fosse poupada a torre que, restaurada, poderia servir para nela ser colocado um sino para casos de alarme e um relógio para orientação do povo, o que, ao mesmo tempo, embelezaria o lugar. Pediu, também, caso fosse possível, a construção duma pequena ermida e, em volta dela, um pequeno parque, para sanear os ares da povoação. Pediu também ao povo para que trate com carinho o Cruzeiro, porque ele é um padrão evocativo da glória de um dos filhos do Sobralinho, um bravo defensor da nossa Pátria - Jacques de Magalhães."
Em resposta: "O Sr. Ernesto dos Reis ventilou o caso das ruínas da igreja, reconhecendo com mágoa, que é impraticável a sua reconstrução pelos capitais que absorveria. Mas - declarou - advoga que, com boa vontade das instâncias oficiais e com a ajuda do povo, se levante daquelas ruínas uma capela pequenina onde os devotos possam praticar a sua religião, há tantos anos privados dela."
Homens e mulheres ainda vivos, retêm na memória, cenas de destruição e roubo que lhes custam acreditar como foi possível tanto vandalismo feito àquela igreja. Em 1939 o sino foi levado em cima dum burro. Possivelmente para ser fundido e transformado em "tostôes", pois a fome era tanta que qualquer bocado de ferro se transformava em pão!... Vivia-se em plena II Guerra Mundial. Tudo valia e ninguém se opunha: As telhas, cantarias, esticadores e até os lindos azulejos azuis, desapareceram como uma maldição se tratasse. algumas imagens de santos foram parar à antiga freguesia do Sobralinho ou seja Alverca do Ribatejo.
No local da antiga igreja do Mártir S. Sebastião e do cemitério, foi feito em 1944, o marco da água canalizada. Posteriormente, após a "limpeza" das ruínas da Igreja e do cemitério, edificou-se a "Torre do Relógio" e o Jardim.
Encostadas ao muro do Jardim, ainda estão umas pedras das ruínas da igreja. Como quem diz: Aqui jazem os restos mortais da Igreja do Mártir S. Sebastião
Quando se deu a 3ª Invasão Francesa, Lord Wellington, organizou em 1810, a famosa Linha de Torres, esperando pelos 60000 soldados de Massena. Velhos, mulheres e crianças, refugiaram-se no Convento da Nossa Senhora dos Anjos, situado nos terrenos da antiga Quinta da Capacharica.
Convento dos Franciscanos Mendicantes, sob a invocação de Nossa Senhora dos Anjos da reforma de Santo Agostinho. Monumento do Século XVI, encontra-se em estado avançado de degradação, restando apenas as antigas estruturas e uns troços da calçada. Perto do Solar do Paço, existia um fortim com peças de artilharia onde os portugueses fizeram frente aos poderosos exércitos franceses. Ainda hoje são visíveis muros e pedras soltas que marcam as feridas dos Sobralinhenses. Ali mesmo ao lado da vizinha Alhandra, está erigida desde 1883, a estátua (Hércules) da primeira linha de Torres Vedras, a lembrar a população de agora, que os nossos avós também lutaram e morreram por Portugal.
No Largo da Cruz, existe um cruzeiro que evoca a glória e bravura do Sobralinhense Pedro Jaques de Magalhães, que tomou o Recife (Brasil) aos Holandeses e voltando a Portugal destroçou o duque de Ossuna na Batalha de Castelo Rodrigo, tendo sido agraciado por D. Pedro II com o título de Visconde de Fonte de Arcada.
O Cruzeiro, em pedra, por onde passavam as procissões, pertencia à antiga igreja do Mártir S. Sebastião. É o centro de convívio da população. Ali, nos degraus de pedra, dialoga-se de tudo um pouco.